
De forma resumida, seguem algumas dicas ou itens que podem auxiliar, no
sentido de dar o primeiro passo rumo ao diagnóstico de DDA em uma criança (um
resumo mais específico das características já descritas para o DDA em geral):
1. Com freqüência mexe ou sacode pés e mãos, se remexe no assento, se
levanta da carteira. Não consegue manter-se quieta, mesmo em situações em
que se espera que o faça. É o tal ”bicho-carpinteiro”, o ”prego na carteira”, o
”motorzinho nas pernas” etc.
2. É facilmente distraída por estímulos externos. A criança DDA tem a atenção
tão dispersa que qualquer estímulo, um barulho, um movimento, a impede de
concentrar-se em alguma tarefa por muito tempo. Principalmente se a tarefa for
obrigatória e não despertar nenhum interesse especial. É muito difícil para ela fixar
a atenção no que o professor diz se pela janela vê pessoas passando ou mesmo
ouve sons produzidos por seus coleguinhas. Sua mente é um radar girando o
tempo todo em busca de novidades. Pode ser apelidada por seus coleguinhas de
”ouvido tuberculoso”.
3. Tem dificuldade de esperar sua vez em brincadeiras ou em situações de
grupo. Esperar em filas é um suplício para uma criança DDA, assim como esperar
sua vez em brincadeiras; freqüentemente interrompe os coleguinhas e fala
excessivamente. Por isso, é muito comum ser considerada uma criança
encrenqueira por supervisores do colégio (que não conheçam o DDA) e ter
dificuldades de relacionamento com os coleguinhas. Aqui, ela assume a figura do
”furão”, ”entrão”, ”abelhudo”, entre outras.
4. Com freqüência dispara respostas para perguntas que ainda não foram
completadas. Isso acontece porque, tão logo venha algo à mente de uma criança
DDA (e de grande parte dos adultos também!), ela coloca em palavras, muitas
vezes atropeladamente — afinal, a velocidade de sua língua não consegue se
equiparar à de seu cérebro. Isso é uma conseqüência da impulsividade. A criança
DDA não consegue parar ou filtrar o fluxo de idéias que eclodem em sua mente. E
lá vai ela ser apelidada de ”linguaruda” ou algo do gênero.
5. Tem dificuldade em seguir instruções e ordens. A criança DDA não quer se
insurgir contra a autoridade, ou seja, não é exatamente rebelde. Faz as coisas ao
seu jeitinho e insiste nisso. É quase sempre considerada muito teimosa. A ”mula
empacada” da família e da turma. É praticamente certo que ela irá levar essa
característica para a vida adulta.
6. Tem dificuldade em manter a atenção em tarefas ou mesmo atividades
lúdicas. A criança DDA se entedia rapidamente. Sua atenção é fluida e
escorregadia. Metaforicamente, muda de estado físico repentinamente. Lembra
das aulas no primário, das mudanças súbitas no estado físico das substâncias?
Sua atenção pode ser vaporosa durante atividades prolongadas e encadeadas de
caráter obrigatório ou mesmo em brincadeiras de grupo que envolvam regras. No
entanto, pode subitamente solidificar-se e tornar-se dura como gelo, se
determinada atividade a estimula ou encanta. Assim como pode sublimar-se
repentinamente, se algo mais interessante a distrair ou enfastiar-se simplesmente
da atividade atual. Um exemplo comum é o vídeo game. Tais jogos unem
estímulos de diversos tipos, de forma sincrônica e simultânea, comumente em
grande velocidade. São imagens vivas, coloridas e dinâmicas acompanhadas por
sons vibrantes que correspondem às ações empreendidas pela criança no jogo.
Muitos pais e/ ou cuidadores, ao observarem seus filhos entretidos profundamente
nesses jogos, sem se lembrar de comer ou de quaisquer outras atividades,
seguramente tenderão a concluir que seus filhos são preguiçosos e irresponsáveis.
Mas o fato é que as características desses jogos conseguem ativar o cérebro de
uma criança DDA de tal forma que atividades rotineiras e encadeadas não podem,
pois não possuem as características dinâmicas necessárias. O grande ”clique”
seria unir atividades educativas com meios multimídia, e já estão sendo feitos
vários desenvolvimentos nesse sentido.
7. Freqüentemente muda de uma atividade inacabada para outra. Esta
característica está intimamente encadeada com a anterior. Quando estão
entretidos em uma tarefa ou projeto, crianças DDA acabam pensando em ”n”
outras coisas diferentes para fazer. E fazem! Da mesma forma que uma idéia que
vem à mente dessa criança é imediatamente traduzida em palavras, muitas destas
idéias também são imediatamente postas em prática. Novamente a impulsividade
sobrepuja. Como acabam fazendo (e pensando) muitas coisas ao mesmo tempo,
deixam passar detalhes e cometem erros pela desatenção. E a ansiedade
acarretada pelo fato de ter muitas coisas a fazer contribui para diminuir mais ainda
sua capacidade de concentração. Precisam de muito incentivo e estruturação para
levar a cabo suas tarefas.
8. Tem dificuldade em brincar em silêncio ou tranqüilamente. Imagine uma
bola voando entre móveis e peças decorativas da sala. Objetos sendo derrubados
durante uma corrida. Gritos e imprecações. Imaginou? É isso mesmo. Esta
assertiva é auto-explicável.
9. Às vezes fala excessivamente. É bastante comum que uma criança DDA dê
voltas em torno de um assunto antes de conseguir chegar ao ponto. Ou pode ser
que no meio da fala esqueça o ponto e acabe falando de outras coisas. Pode ser
vista como ”enrolona” por pessoas menos compreensivas. Esta característica está
diretamente relacionada ao item 4. Como a criança DDA é assaltada por um fluxo
incessante de idéias e imagens, ela tem dificuldade de ser concisa e objetiva ao
falar. É comum que um assunto puxe outro, que puxa outro e no instante seguinte
já não sabe mais por que está falando aquilo ou mesmo o que estava falando
antes. É importante que pais e/ou cuidadores e professores tentem ser
compreensivos e mesmo aprendam a enxergar o lado divertido dessas
características e brincar com a criança sem fazê-la se sentir inadequada,
ajudando-a a se concentrar no assunto em questão.
10. Vive perdendo itens necessários para tarefas ou atividades escolares. Se
a criança é ”avoadinha” e freqüentemente esquece de fazer o trabalho de casa ou
de levar o lanche para a escola, fique atento. Podem ser sinais de desatenção e
lapsos de memória típicos do DDA, e não necessariamente irresponsabilidade ou
imaturidade.
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